26 de agosto de 2011

O crânio e o vinho - By André Victtor

O Crânio e o Vinho Tinto

*by André Victtor

“ Há muitos e muitos anos atrás, numa tarde de sábado em pleno inverno, fui convidado por dois amigos para participar de uma reunião caseira na casa de um deles, onde lá nos esperava um delicioso vinho tinto regional. Pra ser mais exato, um garrafãozinho desses de 5 litros, pertencendo a uma safra especial estocada em barris de carvalho aqui das nossas redondezas, ou melhor, aqui do Sul de Minas Gerais.

Como o meu amigo naquela época era comerciante, acabou ganhando esse garrafão de seu cliente que o presenteou ainda naquele dia.

Estávamos todos então sentados no sofá da sala, saboreando aquele delicioso vinho e comendo um queijo da Serra da Canastra, onde conversávamos sobre tudo um pouco. Éramos ainda estudantes do ginásio naquela época. Esse meu amigo sempre gostava de conseguir coisas interessantes para poder mostrá-las aos demais, como por exemplo estatuetas, artesanatos, instrumentos musicais, etc.

De propósito naquele dia, ele havia deixado em cima de uma mesinha no canto de sua sala, um crânio verdadeiro, ou melhor, uma cabeça de caveira de esqueleto humano. Perguntamos à ele onde conseguiu arrumar aquilo e ele nos disse que conseguiu com muito custo. Foi ficando amigo aos poucos do coveiro da cidade onde ele morou pela última vez e com o tempo convenceu esse coveiro que precisava de um crânio para levar na feira de ciências da sua escola, que aconteceria no próximo mês naquela época e que era somente emprestado por alguns dias, depois ele o devolvia.

O coveiro na sua simplicidade, disse à ele que assim que houvesse uma limpeza de um túmulo de indigente, talvez poderia conseguir sim, esse tal crânio para ele. Mas era somente por alguns dias. Meu amigo ainda ofertou ao coveiro, uma pequena quantia em dinheiro para que o mesmo não esquecesse dele quando fosse fazer aquela limpeza dos restos mortais de algum indigente. Assim ele disse, embora fosse um pouco 'papudo', ele também era muito gente boa e confiável.

Bom, ali estávamos nós bebendo e conversando muito. Falamos de tudo um pouco, da vida, da morte, do mundo, da meninas, das bandas de músicas, etc. Conversa de adolescentes. O tempo foi passando, então começamos contar piadas, 'zoar' um com o outro, até que a conversa se centralizou somente naquela caveira. Então brincadeiras começavam à ser feitas usando aquele crânio. E volta e meia, a caveira passava de mão em mão, onde cada um falava uma coisa, até que alguém a colocou novamente naquela mesinha.

Certo tempo depois, um dos meus amigos saiu e foi até o bar que ficava bem próximo dali, comprar alguns saquinhos de batata (salgadinhos), enquanto o outro foi tomar um banho para poder sair mais a noite, pois já deviam ser mais ou menos quase 9 horas. Eu então fiquei algum tempo sozinho naquela sala, tomando o meu vinho e assistindo a TV.

Quando fui pegar mais vinho no garrafão que estava embaixo daquela mesinha onde estava aquele crânio, enchi o meu copo e por brincadeira ofereci para aquela caveira, levando o copo até bem próximo do seu maxilar e dizendo: " quer um pouquinho ? "

Neste instante, uma voz rouquenha e muito brava falou bem próximo do meu ouvido esquerdo: "Nãaao !" ... e um puxão bem forte em minha camiseta pode ser sentido por mim naquele exato momento, me advertindo daquela brincadeira. Um frio do além gelou as minhas costas e eu acabei derrubando o garrafão de vinho no chão, quebrando-o em várias partes e lavando completamente aquela sala com aquele líquido vermelho vivo. Deu um trabalhão para limpá-la...

Muitos poderiam pensar: "você poderia estar meio embriagado".
Mas eu não estava. Bebi pouco vinho naquele dia e aquilo realmente aconteceu. Ao contar o fato para o meus amigos, todos eles riram muito e não acreditaram. Ficaram bravos pela quebra do garrafão e não deram nenhuma credibilidade naquilo que eu havia contado.
Porém, esse meu amigo resolveu devolver aquele crânio duas semanas depois quando precisou voltar na sua cidade de origem. Quando nos encontramos novamente, ele me disse que começou a ter alguns pesadelos terríveis depois daquele dia e achou melhor devolvê-lo.


(O texto acima faz parte do Livro: Histórias do André Victtor – Volume 1)

*Meu pseudônimo de escritor é André Victtor, sou brasileiro, casado, resido no Sul de Minas Gerais,
tenho 39 anos, sou Desenvolvedor de Sistemas com formação acadêmica em Gestão de TI pela
Universidade Paulista UNIP.
Sou fã do seriado Super Natural (Sobrenatural), True Blood, CSI e do saudável Arquivo-X.
Curto muito também as matérias dos Canais National Geographic, History Channel e Discovery,
que me servem como fontes iniciais para futuras pesquisas.
Já fiz muitos desenhos abstratos, já toquei muita guitarra em minha vida, pratiquei e participei
de muitas trilhas oficiais de motos, conheci as mais loucas entranhas no meio das matas fechadas,
já plantei muitas árvores, tenho um casal de filhos lindos e uma adorável esposa.
Dizem que em nossa vida, temos que construir nossa casa, fazer um filho, plantar uma árvore
e escrever um livro. Acho que já fiz tudo isso.
Agora é só dar continuidade aos meus livros e divulgar as minhas loucas histórias...
e-Mail: andrevicttor@live.com


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