11 de setembro de 2009

Terminou seu livro?

A quantidade de textos "didáticos" que se acha na internet é um absurdo. De vela decorativa a bichinho fofinho, passando pela escolha da máquina fotográfica que você não pode ficar sem ou pelo último modelo de celular, de tudo se "aprende" na rede. Grande ilusão.

Claro que existem dicas e textos úteis. Negar a funcionabilidade e a abrangência da internet é coisa para saudosista dos cabelos horrorosos dos anos 80.

Imaginar uma vida sem a ligação entre nossos computadores soa arcaico, lento e sem sentido.

Existe o "lado negro da Força": A velocidade na troca de informações e ideias é vertiginosa e esse é o problema maior quando se fala em instant message, microblog, blog e afins. As notícias muitas vezes são dadas pela metade ou interpretadas após a leitura de apenas algumas linhas.

No ramo editorial convivemos também com essa rapidez ilusória e desnecessária. Cada vez mais nos chegam textos com erros grotescos em ortografia e gramática.

Essa pressa ao escrever ou colocar ideias no papel acabam fazendo com que uma tarefa que antes consumia em torno de um mês (considerem um livro de 100 páginas), hoje leva quase três. Esta é a era da rapidez e do atropelo.

Abaixo, algumas dicas. Não levem ao pé da letra, porque como disse no início deste texto, dicas existem aos montes. Aprenda a pensar e a separar o joio do trigo, em qualquer situação.


1) Acabei meu livro!

Não, não acabou. Quando você achar que acabou, é hora de reler, principalmente se for enviar para alguma Editora. Verifique principalmente ortografia, palavras repetitivas, tempos verbais. Uma boa dica é escrever usando um bom editor de texto, que lhe auxilie nas correções. Use o BR Office, gratuito e com dicionário sempre atualizado (vero). Não se preocupe com diagramação e formatação, que esse é um trabalho da Editora, seja ela qual a de sua escolha.

Posso judiar? Então lá vai: se você quer ser publicado sem investimento próprio, seu texto tem que estar absolutamente perfeito. Isso quer dizer inclusive fazer com que seus originais passem pela mão de um revisor. 

2) Serei descoberto!

Não, não será. Sinto em acabar com sua ilusão, mas ninguém hoje em dia quer publicar novos autores por um motivo simples: dinheiro. Aqui na Novitas reservamos um dinheirinho para investir, e a cada seis meses mais ou menos lançamos um livro em que o investimento do autor é zero. Mas essa atitude não é corriqueira. Por isso, não conte com a lenda urbana de que editores ficam fuçando blogs em busca de um novo Paulo Coelho. Ninguém absolutamente faz isso.


3) Vou publicar no meu blog!

No Brasil há uma quantia exagerada de blogs e lhes garanto que não dá tempo de ler nem uma mínima fração deles. Já que falamos em blogs: se você pensa em publicar em papel, o primeiro passo é NÃO publicar na internet. Textos lançados na rede são considerados de domínio público, mesmo que não sejam. Se seu texto for bom, ele será replicado, usado em pps, ilustrará uma foto (também roubada no Google), etc. Publicar pequenos trechos de romances, poemas de amostragem, tudo bem. É uma maneira até de perceber se você está indo na direção certa. Um laboratório, capicce?
Outro grande engano dos blogueiros é achar que 50 comentários em um post qualquer é grande coisa. Prestem bem atenção nos autores que você conhece e que sejam reconhecidamente bons, embora desconhecidos: dois ou três comentários. Texto bom geralmente não é interessante ao leitor fast food da internet.

4) Tô enviandu meu livruuuu...

Colega, sejamos sincero: Você está nos enviando um original, sabendo que existe a hipótese, mesmo que remota, de ser publicado às nossas expensas.

PELAMORDESDEUS, não use internetês. Nós que temos mais de 16 anos não sabemos ler frases escritas em miguxês.

5) Encaminho-vos meus originais, ora tranformados no formato...

Amiguinho, mais uma vez, sejamos sinceros: excesso de formalidade também não é legal. Editor não é Deus.

6) Pagar ou não pagar, eis a questão:

Se você faz medicina, existem n cursos e complementos em que se investe. Se for ator, pintor, ou seja qual a profissão de sua escolha, sempre há investimento inicial. Publicar sob demanda pode parecer defesa de causa própria, já que somos uma Editora, mas na realidade, como disse acima, é muito difícil um autor de primeira vez ser publicado sem investimento próprio.

Se você quer mesmo inserir seu nome na literatura, o primeiro passo é ter um livro publicado. É currículo.


Pesquise as Editoras. Existem possibilidades variadas e uma pode acabar por atender sua necessidade, seja em quantidade ou qualidade.

Se você tem dúvidas, questione. Sejamos nós da Novitas ou a Editora de sua escolha (traição!), incomode. Pergunte e enquanto todas as suas dúvidas não forem sanadas, insista.

David










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4 comentários:

chica disse...

Mas que artigo mais legal esse!Tem de tudo! Dos primeiros passos até a entrega do livro com riqueza de detalhes e ainda, bom humor.

Se eu fosse escritora, certamente, iria querer publicar um livro com vocês, pois a autenticiadade, a clareza com que colocam as situações , já é meio caminho andado.Muito legal mesmo! abraços,chica

MARCOS DE ANDRADE disse...

Oi. Esse eu copiei para poder degustar. Boas dicas são sempre bem vindas.

☆Lu Cavichioli disse...

Impagável seu texto David, justamente pela grande utilidade pública que ele transmite.

É muito difícil uma editora falar cara a cara com o escritor como vocês fazem. Acho isso de uma transparência maravilhosa.
Confiança acima de tudo. M
Meus parabéns, pela redação impecável e pela mensagem.

Grande abraço e um super na tita.

Lu C.

Madalena Barranco disse...

Olá David,

Gosto do Sol da Novitas entrando não apenas pela minha janela, mas também pela tela acesa de muitos leitores e escritores que ainda leem e escrevem no escuro.

Abraços ao casal.