8 de agosto de 2010

632.0 - By Letícia Losekann Coelho

632.0

*Letícia Losekann Coelho


Nós que suplicamos a verdade
Nem sempre temos audição para tanto,
Gritamos e definimos crueldade
A realidade no efeito traz espanto.

(pessoal plural)

Tu que na caixa alta fez alarde
Hoje, pensa baixo sem gritar
Sem titubear... Te defino: és covarde
Em lápis sem cor, vejo a boca acinzar.

(pessoal singular)

Vós que gastais o latim em vão
Silencia a língua mas a testa mestra...
Opinião em punho é sinal de castração
Calais os olhos instrumento de vossa orquestra.

(plural pessoal)

Ele que te questiona obviedades
Não entende de tempo perdido
Vive como eterno fodido,
Garganteando irreais calamidades.

(singular pessoal)

Eles que não se preocupam com futuro
Tem cinco minutos para aproveitar a fama,
A "mente aberta" é engessada tal muro
Deitam e rolam nas estrelas não exergando ser a lama.

(plurais pessoais)

Eu que absorvo feridas
Fico quieta até perguntar
Transformo o podre em linhas
Forço os olhos para quem sabe vaporizar.

(pessoa singular)


* Editora e escritora da Novitas.
Escreve no blog www.scriptusest.blogspot.com
www.twitter.com/Leticia_LCoelho



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