Aqui Jaz uma pessoa querida
*Letícia Losekann Coelho
A morte para a vida
Precisei me enterrar, afundar
Tornar - me vencido e fechado...
Para enfim ter domínio
E reaparecer, renascido
Para a vida.
Embebi profundamente em
Minhas entranhas...
Travei uma batalha com
Meus medos...
Enfrentei minha realidade
Insana...
Cravei a estaca em meu
Próprio peito.
Tapei as fendas antes do sepulcro.
Bolcei o sangue pútrido que me molesta,
Decorei o túmulo...
Orquídeas e violetas para
A cena.
Ressuscitei da morte que me
Impus...
Olhei meus olhos sem vida
E resolvi...
Não viver de sonhos
E sim da realidade
Que existe,
Aqui.
(Versos que tu querias dizer antes de morrer)
I
A realidade...
Esse monstro que se disfarça
De verdade,
Inunda-me de medo...
Pois na realidade existe o
Erro,
E o erro reporta aos
Momentos
Em que tive que fazer escolhas...
Triste ironia
Sempre agi como tolo,
Inclusive nos pensamentos.
Meu amadurecimento
Passa pelas decisões...
Mas nelas existe sempre o
Medo do erro...
Que atrapalha meu caminho
Até a perfeição.
II
A perfeição...
Essa insana vontade que
Não existe,
Mas insiste...
Esse é o momento de louvar
Os doentes...
Os aflitos e os
Hipocondríacos,
Que existem para dizer aos
Megalomaníacos,
Que o perfeito é ilusório...
É do momento.
Pois todos erramos...
(Faz parte do lado humano)
III
O lado humano...
Que me reporta à triste
Realidade...
Do medo do erro
Da busca pelo insano!
Faço-me animal
Para nao assumir responsabilidades...
Mordo, cuspo, cheiro...
Abuso os sentidos
Observo, escuto mas não falo,
Somente...
Agarro,tituro e uivo
...E quando dou por mim
Deparo-me
Com um alguém
Que precisa
Ser enterrado...
Para renascer
Cm vontade de viver...
Sem os medos
Sem querer os acertos
Recomeçar!
Para enfim construir
Um lado humano,
Menos insano.
IV
O insano...
Quando me faço humano,
Sou infeliz em todos os momentos...
Então rezo pela morte,
E ela não me acode.
Resolvi acabar com tudo...
Comprei meu túmulo
E acabei com ela,
A vida...
De corpo e alma
Agora jaz...
Estou deitado ao lado de
Meu pai,
Encontrei a paz!
V
A paz que sempre sonhei...
Durante toda a curta vida,
Não sei se vou para o Azul ou
Para o Fogo...
Mas queria deitar do
Teu lado...
Unir-me o teu corpo,
Meu pai, meu porto!
Fiz minha morte...
Livrei-me dessa vida doída
Minha mãe me deu uma
Última sorte...
Em minha lápide, escritos
Em letras fortes:
Aqui jaz uma pessoa querida.
* Editora e autora da Novitas. Perfil completo AQUI
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