14 de agosto de 2010

Duas poesias de Lú Martins

Duas poesias de Lú Martins (*)


PALAVRAS DESNUDAS

Eu te amo
Você me ama
Amemo-nos, então.
Dias longe. Noites perto
Braços e abraços
Sonhos despertos
Faz tempo te amei
E hoje é igual
Orgulho, respeito, pele, coisa e tal
Risos cúmplices
Palavras desnudas.
Conheço teu olhar
Sei quando falar. Quando calar
Entre estranhamentos e desentendimentos
os dias passam, eles passam
Nada mais natural
Mar de rosas e comercial de margarina
não combinam com a vida real.



EXPRESSO PRA DOIS

Café pra dois, numa mesa pequena.
O cinzeiro cheio denuncia o nervosismo da espera.
A porta se abre, se fecha
E a todo momento seu olhar alcança os rostos recém-chegados
Na esperança de que um deles seja aquele...
A tempo de mais um café
A tempo do coração não esfriar.


(*) Poderia dizer assim: Não gosto de classificações. Você isso, você aquilo. Sou tantas. Nem sei qual é a verdadeira. Me confundo num mundo interior intenso de sensações, imagens, desejos, sentimentos, sonhos, utopias. Nada se firmou, nenhuma delas, as personalidades que possuo. minhas personagens. Todas elas querem entrar em cena, por vezes, todas ao mesmo tempo, todas querendo ser a protagonista. Uma batalha interna. Por enquanto nenhuma venceu. A mocinha, a vilã, a amiga, a dissoluta, estão todas ali se confundindo, se testando, pra ver quem leva a melhor. Sinceramente? Queria mesmo era ter os tais olhos de ressaca...

Mas preferiu assim: Paulista sonhadora, amante da palavra escrita, falada e musicada, que cresceu em meio aos livros e tinha a leitura como companheira já no café da manhã. De café em café, foi parar no mundo das Letras pra compor um gosto pessoal. Verdade que na vida real lida com números, mas fora do horário comercial sonha é com poesia. Um dia, não faz muito tempo, parece que amadureceu e aí aconteceu de querer escrever. Escreveu, escreveu e deu no que deu: de leitora, virou aprendiz de escritora.

Também vive de brisa, música, sombra, filme e água fresca. Tem sempre um ouvido na música e outro nas palavras que se desprendem da caneta, caem sobre o papel e vão dominando a folha com graça e vigor. O problema é que uns dias o texto vem pronto, noutros, as palavras fazem fita. Ah, detalhe: curte mesmo é escrita à moda antiga, papel e caneta. Tem sempre um caderninho aqui e ali, espalhados pela casa, na bolsa, pra quando surgir uma ideia, registrá-la logo antes que a danada fuja no instante seguinte. Descobriu há pouco tempo um interesse maior por fotografia, já que imagem, som e palavra se complementam como ninguém. Sabe como é, dão liga...

Tem um defeito, não sabe procurar a rima. É a rima que dá o ar da graça, surgindo quando quer. Se bem que precisa confessar uma coisa: não curte muito texto rimadinho, preza mais pela liberdade dos versos.

No que escreve pouco se intromete, já que o texto parece ter vida própria. As palavras vão escapulindo sôfregas pra quase não dar tempo de freá-las. Quando faz uma inserção, por pouco não pede desculpas a elas pela intromissão. É que palavras são melindrosas...

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