31 de maio de 2011

Pelo direito de ser gorda!

Pelo direito de ser gorda

by *Renata Arruda



Eu sempre tive amigas gordinhas, que vivem reclamando do seu peso. A maldita barriga é a campeã de reclamações. Na realidade, eu nunca entendia direito qual era o problema. Estavam sempre saudáveis, bonitas, eram cobiçadas, tinham vaidade. Por quê diabos a peocupação exagerada em emagrecer?

Lógico, pra mim era fácil pensar assim, nunca precisei fazer dieta, sempre fui magra "de ruim". Até que a depressão me fez tomar remédios que abriam o apetite e engordei mais de 13 quilos em dois meses. O mais engraçado é que a pessoa que eu mais admiro, de longe, a Alanis também começou a ficar cheinha, com braças enormes e começou a falar sobre a pressão que existe em L.A. para as pessoas estarem sempre magras. E aí eu comecei a compreender.

O grande problema não é o peso em si, mas a pressão. Eu também não estou feliz com meu braço e com a minha barriga, eu fico horrorizada, pq não estou acostumada, cada vez que reparo no espelho. Como pode crescer tanto? Eu reclamo o tempo todo, faço piadas, mas e a atitude? Não tomo nenhuma. Porque isso não me incomoda na realidade. Não faz eu me sentir pior perante as outras, não faz eu me sentir unsexy. Pelo contrário, até percebi que as cantadas na rua aumentaram. Apesar do braço e da barriga. Eu olho meu rosto e acho mais saudável, eu acho engraçado estar cheinha, nunca estive assim na minha vida. Antes eu tinha aparência frágil de doente. Eu gosto dos seios terem crescido, da perna roliça. Eu não sinto necessidade de usar roupas largas pra tentar disfarçar, eu me sinto bem como eu estou. O grande problema é que parece que eu não tenho esse direito. As pessoas parece que se transformaram. Gente que eu nunca vi se preocupar com corpo e aparência na vida começa a falar "meu deus, não quero isso pra mim", as pessoas parecem horrorizadas, todo mundo dá milhões de dicas de dietas, manda fazer exercício, manda fechar a boca, isso e aquilo. Ninguém leva em consideração que eu não quero nada disso, que eu me sinto bem da maneira q estou. Que não adianta minha mãe dizer que eu estou com uma "pança horrível", vou continuar usando ribanas e sentando sem o menor pudor da barriga aparecer. É uma pressão gigantesca para ser magra, como se ser gorda fosse alguma aberração. Me tratam como se eu fosse uma coitada, mesmo eu não concordando com nada disso. Mesmo eu me negando a cortar meu prazer de comer o que quiser em vez de passar a vida comendo biscoito de água e sal. Mesmo eu passando horas lendo ou vendo filme, porque isso me faz bem como ser intelectual, em vez de passar horas malhando em academia.

Eu acho que as pessoas deveriam deixar mais as outras serem como são e como querem ser. A pressão para ser magra e "bonita" é muito grande, vem até quando você não está se sentindo feia e nem desconfortável. Pegam pesado, chamam de desleixo, como se se manter magra fosse alguma obrigação a se manter na vida. Como se precisasse realmente disso para ser feliz.

Eu sigo minha vida de mais nova gordinha do pedaço, infelizmente com a barriga grande, mas estou saudável, estou feliz e minha vida sexual vai muito, bem, obrigada.

E sigo esperando que as pessoas me deixem ter o direito de ser feliz assim.



*Renata Arruda é escritora nas horas vagas. Mãe em tempo integral. Estudando quando dá!

Blog: http://mardemarmore.blogspot.com
twitter: @renata_arruda

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