16 de julho de 2010

Eu digo, e você? - By Ana Mello

Eu digo, e você?

*Ana Mello

Digo sempre “Eu te amo”.
Para meu marido, meu filho, meus pais, minha sobrinha. Sempre fui carinhosa com minha família, o que é recíproco. Quando telefono para meu pai ele não deixa de dizer o quanto ficou feliz e como sou querida e amada. E não é da boca para fora, é de verdade, de coração. Meu guri costuma dar um beijo de boa-noite acompanhado muitas vezes de “Mãe, eu te amo muito”. Com o pai dele é igual. Muitas vezes estou no trabalho e ligo para saber como ele está se foi bem na prova, ele termina a conversa com um bom beijo e um “Eu te amo”.
Uma dessas nossas conversas despertou a curiosidade dos meus amigos e a minha também. Começamos um estudo para saber quem dizia “Eu te amo”, para quem, e o que achava disso. Muito interessante, pois várias pessoas têm dificuldade para dizer que amam. Até para os maridos ou namorados, muito mais para os pais.
Outros consideram “Eu te amo” muito importante para estar usando toda hora. Como se amor gastasse ou pudesse correr o risco de se tornar banal.
Acho que é mais fácil a gente se arrepender por não ter confessado um sentimento do que pelo atrevimento de fazê-lo. Eu digo sempre o que sinto hoje, posso não ter a oportunidade de dizer amanhã. Causa constrangimento para algumas pessoas, mas também essas pessoas nem sabem abraçar ou beijar.
Aqui no Rio Grande do Sul, mesmo com fama de machistas, os homens abraçam e beijam seus pais, irmãos, tios. Claro que tem também os que criam seus filhos proibindo-os até de chorar, pois acreditam que homem não chora.
Na semana passada, fui até a escola do meu filho, conversar com a orientadora educacional. Ele está bem, tira notas boas, mas é muito folgado. Poderia usar melhor o potencial que tem. E não é muito incentivado na escola. Porque as escolas são como as famílias, preocupam-se com quem tem algum problema. Quem é quieto e faz a sua parte, passa despercebido. Não concordo com isso. Assim seremos um país onde mais ou menos está bom. Devemos melhorar sempre. Nada de estresse ou cobranças, mas incentivo.
O que isso tem a ver com “Eu te amo”? Perguntei para ele se sabia por que eu estava indo conversar com a professora dele. Ele disse:
_ Mãe, tu não vai fazer meus professores ficarem pegando no meu pé. Brincadeira, eu sei que vocês, tu e o pai, me amam, por isso têm interesse por mim.
É isso mesmo, “Eu te amo” tem muitas formas, além das palavras.

“O homem não morre quando deixa de viver, mas quando deixa de amar”. (Chaplin)


*Escrevo porque tenho mais para dizer do que consigo falar, estudei química e matemática e trabalho na área técnica. Dissolvo-me em palavras pela rede em blogs, e-books e colunas. Em papel, estou no livro MINICONTANDO.Nas janelas dos ônibus e nos trens de Porto Alegre viajo em forma de poesia.
Colunista em:
SORTIMENTOS.NET , DIÁRIO DE CACHOEIRINHA (aos sábados) , ARTISTAS GAÚCHOS.
Editora da revista VEREDAS



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