Elenor J. Schneider*
Produtos de qualidade custam mais. Eles vêm estribados na capacitação e no trabalho de profissionais, com preparo melhor ou superior, capazes de projetar o que será bom, levando em consideração o meio em que esses produtos serão utilizados.
Boa educação tem custo elevado. Seus recursos provêm de investimentos pessoais ou familiares, ou do próprio Estado, para o qual essa deveria ser a prioridade máxima, sem exceções ou concessões. O que se vê, no entanto, são exaustivas e lavadas promessas que não ultrapassam o nível da balela.
Se as empresas, pagando bem, atraem os melhores profissionais, o mesmo não acontece, em regra, na educação. Paga-se mal a quem deve dar retornos significativos e, ainda por cima, é culpado pelos baixos índices que a educação brasileira revela a cada avaliação.
A fórmula é muito simples: o salário do professor está cada vez menos atraente; os cursos de formação não encantam as melhores inteligências; com qualquer cursinho rápido e superficial é possível ganhar a titulação de professor. Resultado: uma educação de qualidade cada vez mais sofrível e ameaçando o desenvolvimento da nação. Acrescente-se a isso uma outra novidade que está minando o trabalho nas escolas, qual seja a de muitos alunos arrogantes, desinteressados, quando não violentos e detentores das novas verdades e dos novos valores.
Talvez a redenção pudesse começar pelos municípios, com uma proposta mais ou menos assim: oferecer salários atraentes e superiores; realizar concursos com alta exigência; fazer com que suas escolas se envolvam profundamente na realidade local, analisando-a e propondo projetos viáveis, consistentes, que viessem ao encontro da sua sustentabilidade e do seu desenvolvimento.
É certo que nada significam prédios modernos, máquinas de última geração, bibliotecas até bem dotadas, se não houver atrás de tudo isso professores muito qualificados, entusiasmados, realizados pessoal e profissionalmente, com desejo de começar cada ano, cada semana, cada dia na certeza de que nas suas mãos estão os destinos de umas sociedade cada vez melhor. Enquanto isso não se concretizar, os professores, sobrecarregados e mal pagos, tornam em pesado e sofrido calvário o caminho que deveria ser de alegria e deslumbramento constante.
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*Coordenador do Curso de Letras da Unisc. Professor. elenor@unisc.br
Artigo integrante da Revista Cultural - 9
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